Dentro do termo criacionismo, um vasto espectro de hipóteses podem ser enquadradas, que podem vir a sustentar interpretação em diversos graus de literalidade de livros sagrados como o Gênesis ou o Corão.
Na maioria das civilizações antigas, tanto como nas atuais, é possível encontrar relatos explicando a origem de tudo como um ato intencional criativo, muitas vezes destacando uma figura como o originador da vida.
O criacionismo, da forma que este termo é utilizado nos dias de hoje, principalmente na imprensa, é um fenômeno tipicamente estadunidense; tendo por fonte principalmente o protestantismo norte-americano.
Outros grupos religiosos não chegam tão longe a ponto de negar a historicidade do texto bíblico, mas propõem que os seis dias da criação poderiam representar, talvez, seis eras geológicas, em vez de dias literais de vinte quatro horas. Mas os chamados fundamentalistas insistem em que essa interpretação é errada e que o mundo realmente foi criado por volta do ano 4000 AC, como se deduz do relato bíblico, somando-se as idades dos patriarcas.
Existem também versões que fazem referências religiosas implicitamente, como a hipótese do desenho inteligente (DI, ou ID, de intelligent design), teoria que combate as teorias científicas conflitantes com o pensamento religioso em aulas de ciência, assim que nos Estados Unidos da América se julgou inconstitucional a introdução do criacionismo religiosamente explícito nas aulas. Recentemente, novas tentativas têm sido feitas, com novos argumentos, advogando pelo que chamam de uma "análise crítica da evolução".
[editar] Diversidade de conceitos
A Criação de Adão, de Michelangelo
O criacionismo, como idéia geral, se caracteriza pela oposição, em diferentes graus, às teorias científicas sobre fenômenos relacionados à origem do Universo, da vida e da evolução das espécies de seres vivos.
No entanto, deve ser feita a distinção entre ser rotulado como "criacionista" e "acreditar em criação divina" simplesmente: existem até mesmo aqueles que aceitam as teorias evolucionistas ao mesmo tempo em que acreditam que estas descrevam o método com que seu deus (ou divindades) tenha(m) criado todas as coisas; estes não são chamados de criacionistas, mas de evolucionistas teístas.
Alguns chamam essa posição de criacionismo evolucionista, ou evolucionismo criacionista, e essa vertente - o crido pelos católicos - é capaz de conviver plenamente com os conceitos centrais de ambas as visões.
[editar] Criacionismo da Terra Jovem
Dentro do grupo de criacionistas cristãos, há os que apoiam radicalmente a tese da criação da Terra nos seis dias literais do Gênesis, questionando as evidências históricas, astrofísicas, geológicas, paleontológicas, arqueológicas, físicas e químicas contrárias. Tais cristãos denominam-se criacionistas da Terra Jovem ou literalistas bíblicos.
[editar] Criacionismo de Terra Antiga
Outros aceitam a idade da Terra, ou até mesmo do Universo, defendida pela ciência, mas mantendo ainda posições conflitantes com a biologia evolucionista. São apelidados criacionistas da Terra Antiga ou, muitas vezes, da Terra Velha. Já o evolucionismo criacionista, já citado, defende a tese de que a Bíblia ou outros livros considerados sagrados dão margem a uma mistura da evolução, origem da vida e criação, dizendo que Deus deu origem à vida, mas permitiu que esta evoluísse.
A Bíblia faz menção de seis dias criativos e um sétimo dia não terminado. Os crentes na criação, mas que apoiam a tese da Terra Antiga, entendem que isso dá margem para dizer que a expressão dias envolve milhares ou até mesmo bilhões de anos, supostamente tornando compatível a tese da criação com a Geologia eoutras ciências modernas. Mas isso não ocorre, pois, mesmo que dia signifique um período de tempo indeterminado, a ordem da criação ,tal como descrito no livro de Gênesis, se confronta com diversas ciências. Há como exemplo a criação das plantas antes da do Sol, o que é impossível, e a criação da Terra antes das estrelas, sabendo-se hoje que existem estrelas bilhões de anos mais velhas que a Terra, e inclusive sendo nosso Sol e seu sistema solar formados de nuvens resultantes de uma geração anterior de estrelas.
Os criacionistas trabalham basicamente com argumentos para tentar refutar evidências que evolucionistas sustentam como corroboração da evolução como fato e da teoria da evolução como modelo científico que o trata.
[editar] Ramificação
Entre as diversas correntes criacionistas da Terra Antiga, há duas principais:
Neocriacionismo - também chamado de Design inteligente, corrente surgida por volta de 1920 nos EUA, defende a tese de que houve influência de uma entidade inteligente na criação dos seres vivos. Grupos religiosos dessa corrente têm lutado para incluir esse ensino nas escolas, em pé de igualdade com o ensino da evolução. Os evolucionistas a consideram apenas o criacionismo clássico travestido de pseudociência para poder ser ensinado nas escolas. Assim foi considerada em decisão judicial, pelo juiz John Jones, que proibiu seu ensino em escolas públicas.[2]
Criacionismo Clássico - quanto à difusão do criacionismo clássico, segundo uma pesquisa do Instituto Gallup veiculada pela Folha de São Paulo,[3] noventa por cento dos norte-americanos acreditam em um Deus criador, sendo que quarenta e cinco por cento acham que a criação ocorreu exatamente como o livro do Gênesis descreve. A pesquisa mostra que, entre os membros da Academia Nacional de Ciências estadunidense, dez por cento expressam crença num deus, o que não significa necessariamente que sejam criacionistas. A maioria deles são evolucionistas teístas, como Francis Collins, que deixa claro seu repúdio tanto ao criacionismo quanto ao design inteligente em seu livro The Language of God: A Scientist Presents Evidence for Belief (publicado em julho de 2006). Várias religiosos possuem diferentes visões do criacionismo, como o cristão, muçulmano, hindu etc.
Existe ainda dentre estes uma ínfima minoria que vai mais longe e é geocentrista e/ou defensora da Terra Plana.
[editar] Argumentos neocriacionistas
Ver artigo principal: Design Inteligente
Apesar da predominância de correntes evolucionistas nos meios acadêmicos, alguns cientistas tornaram-se notados por defenderem o criacionismo clássico, que envolve a crença num criador. Os argumentos de pessoas pertencentes a comunidade científica em favor do criacionismo apontam para a organização e exatidão das leis naturais. Essa visão dá uma imagem que parece com aquela proposta por Isaac Newton, ao comparar o mundo a um mecanismo que evidencia um projeto inteligente e sobrenatural.
As novas tendências científicas têm, contudo, levado a uma diferente visão do Universo, menos determinista e mecanicista. É comum dar como exemplo a distância propícia entre o Sol e a Terra, que permite temperaturas amenas, as quais possibilitam a continuidade da vida. É interessante verificar que esse mesmo argumento é utilizado pelos evolucionistas para referir o caráter excepcional da posição da Terra, não para uma suposta "continuidade" (palavra que implica a ideia de um projeto ou um plano para a Criação) da vida, mas para a sua emergência e evolução. É importante notar que, apesar de alguns poucos cientistas defenderem o criacionismo, isso não significa que existem argumentos científicos a favor do criacionismo nem contra as evidências e provas que o combatem.
Indivíduos teístas que aceitam as hipóteses científicas podem ver nas características e regularidades da Natureza (como a regularidade verificada nos elementos químicos na tabela periódica ou o fato de os acontecimentos físicos obedecerem a leis que podem ser expressas em equações matemáticas "exatas") base para se pressupor uma ordem, citada e interpretada como prova da existência de um legislador que legisla e faz cumprir essas leis. Por essas mesmas leis, o Universo teria vindo a existir por determinação divina e teria se desenrolado sua história da mesma forma, sendo parte dela a origem e a evolução da vida na Terra. Criacionistas, no entanto, não acreditam que o Universo e suas partes tenham sido criados segundo essas leis, mas que tudo foi criado do nada (ou ex nihilo, termo em latim mais sofisticado) e só então essas leis passaram a vigorar.
Os argumentos neocriacionistas são associados aos argumentos teleológicos, como o argumento do relojoeiro de Paley.
[editar] Os argumentos criacionistas
Existem argumentos criacionistas contra a Paleontologia, Geologia e Sistemática. Esses argumentos não levam em conta a metodologia utilizada por essas disciplinas, que são os métodos estatísticos e computacionais[4] da Cladística, como a máxima parcimônia[5] e o bootstraping,[6] utilizados pelos sistematas. Também não existem argumentos consistentes contra os métodos de datação radiométrica[7] de fósseis e rochas utilizados pelos geólogos e paleontólogos.
Criacionistas questionam também experiências relacionadas à demonstração da seleção natural, como aquela relativa às mariposas cujas cores foram influenciadas pelas mudanças advindas da Revolução Industrial. Nesse caso, especificamente, apontam falhas na metodologia como confirmação de que não existiria seleção natural.
[editar] Classificação dos argumentos criacionistas
Criacionistas costumam focar os seus argumentos contra o estudo científico da origem da vida ou abiogênese. Em um artigo do prestigiado periódico Biology & Philosophy,[8] Richard Carrier demonstrou que todos os argumentos criacionistas contra a abiogênese recaem em seis classes de erros:
Fontes obsoletas.
Omissão de contexto.
Uso incorreto da Matemática (bad math).
Falácia da confusão dos jogadores com o vencedor.
Estimativa tendenciosa do tamanho do protobionte (begging the size of the protobiont).
Confusão de características desenvolvidas ao longo da evolução com estruturas espontâneas (confusing evolved for spontaneous features).
É importante salientar que existem vários outros artigos criticando os argumentos criacionistas acerca da abiogênese.[9]
Toda a argumentação criacionista quanto ao desconhecimento sobre como a vida teria se originado naturalmente não raramente tenta levar a crer que, sem essa resposta, todas as demais áreas da ciência às quais se opõem, em especial a evolução biológica, desmoronam como conseqüência. Essa é uma falácia non sequitur - a conclusão não decorre das premissas - pois as evidências das diversas áreas que compõem o evolucionismo não são totalmente dependentes umas das outras, e dessa forma, é possível ainda se estabelecer os laços de parentesco entre todos os organismos, mesmo sem saber de onde teria vindo o ancestral comum de todos eles.
[editar] Argumentos contra o criacionismo
Durante mais de trinta séculos, a crença criacionista perdurou como uma verdade absoluta em diversas partes do mundo, interpretada literalmente da forma como está escrita nos textos sagrados das diversas literaturas religiosas, não dando chance a qualquer opinião discordante, menos por imposição das autoridades da época e mais por uma ausência de necessidade prática de um maior questionamento.
Somente nos últimos dois séculos, com a valorização do direito do homem à liberdade de pensamento, uma série de argumentos foram levantados contra esse predomínio eminentemente religioso. A interpretação criacionista literal perdeu sua unidade, sendo questionada com maior profundidade.
De acordo com praticamente todos os cientistas, todas as ramificações do criacionismo ferem importantes princípios filosóficos da ciência. Para os que pensam dessa forma, os principais argumentos comparativos propostos são:
O criacionismo não pode ser considerado como uma ciência, nem sequer uma teoria. Uma teoria requer análises, estudos, testes, experiências, modificações e, finalmente, adequações. Uma teoria evolui com o decorrer do tempo, à medida que o ser humano amplia seus conhecimentos e suas descobertas. Naturalmente, a ciência, no sentido usado nesse contexto, não pode nem afirmar nem negar que o criacionismo seja verdadeiro - é não-falseável e portanto não-científico. Este argumento, no entanto, não significa muita coisa, uma vez que o ato de ser não-científico não significa, necessariamente, que é incorreto ou desprezível.
A evolução é uma estrutura teórica bem definida, que embasa a Cladística, a Biologia do Desenvolvimento, a Paleontologia, a Genética de Populações e todas as demais áreas da Biologia; ao passo que o criacionismo é constituído de uma multiplicidade de superstições, sem unidade, criadas pelas centenas de religiões e mitos hoje existentes ou que já existiram outrora.
A evolução é uma teoria fundamentada em achados fósseis concretos e em experimentos realizados, enquanto que o criacionismo é abstrato, indemonstrável e desprovido de bases científicas.
Os argumentos neocriacionistas, que utilizam recentes descobertas da ciência, de uma forma geral, são falácias que poderiam provar a veracidade de qualquer crença, seja ela judaico-cristã, muçulmana, hinduísta, umbandista, pagã, animista ou de qualquer outra mitologia.
O evolucionismo esforça-se em buscar explicações para os eventos da Natureza, enquanto que o criacionismo esforça-se em adaptar os eventos da Natureza à sua visão de mundo.
O criacionismo não possui bases científicas, portanto é certamente uma visão de mundo, não podendo se apresentar como ciência, pois não tem indícios para tal e não é comprovada cientificamente.
Não sendo o design inteligente (ou qualquer outra forma de criacionismo) científico, não existem debates científicos entre ele e a evolução. A teoria da evolução é suportada por muitas evidências e é aceita por virtualmente todos os cientistas do mundo, enquanto o criacionismo não possuí evidências, apenas escrituras antigas. Trata-se de uma discussão entre conhecimento científico e crenças religiosas, portanto.
Quanto aos poucos cientistas que acreditam no criacionismo, eles representam, segundo a revista Newsweek, apenas 0,15% de todos os cientistas da vida (biólogos) e da Terra (geólogos) com alguma crendencial acadêmica respeitável nos EUA.[10] São 700, entre os 480.000 cientistas.
Uma pesquisa da Organização Gallup[11] chegou à conclusão de que cinco por cento dos cientistas americanos acreditam no criacionismo da Terra Jovem, quarenta por cento acreditam que nós humanos evoluímos de outras formas de vida em um processo evolutivo de milhões de anos, mas que Deus guiou o processo, e cinqüenta e cinco por cento acreditam que nós evoluímos de outras formas de vida e que Deus não teve participação nenhuma nesse processo.
Mas essa pesquisa não considerou apenas biólogos e geólogos como a outra, mas cientistas de todas as áreas, engenheiros químicos, bacharéis em ciência da computação etc. Portanto, há pouquíssimos cientistas que defendem o criacionismo e freqüentemente eles pertencem à áreas de atuação que não têm relevância na discussão, além de não se basearem em nenhuma pesquisa científica séria para sustentar sua posição.
A afirmação de que nenhuma vida pode surgir de não-vida foi recentemente desafiada a partir de experimentos onde um vírus é sintetizado em laboratório,[12] mas a questão de se um vírus pode ou não ser considerado um ser vivo nunca foi um consenso entre cientistas. Outra questão levantada pelos criacionistas é que esse tipo de experimento na verdade comprovaria a necessidade de uma inteligência e intencionalidade por trás do processo. No entanto, é imprescindível lembrar-se de que experimentos laboratoriais são fundamentalmente diferentes de processos de simples montagem intencional, pois na realidade visam a reproduzir as situações em que um fenômeno ocorreria naturalmente, espontaneamente.
[editar] Visões criacionistas
As visões criacionistas nasceram a partir da experiência humana primitiva e tinham como objetivo responder às indagações do homem sobre a origem do Universo – um tema sempre presente no espírito humano em todas as épocas e em todas as civilizações. Assim, na tentativa de explicar a essência de todas as coisas e estabelecer um elo entre o compreensível e o incompreensível, entre o físico e o metafísico, uma quantidade infindável de respostas foram elaboradas pelo que uns dizem ser a imaginação humana e outros dizem ser a própria vontade de suas divindades, transcritas nos textos e nos ritos sagrados de várias culturas. Exemplificando, descrevem-se a seguir algumas das principais visões criacionistas que tratam da origem do Universo.
[editar] Tradição judaico-cristã
Na mitologia judaico-cristã sobre a criação divina do mundo, que é baseado em Gênesis, um ser único e absoluto, denominado Javé ou Jeová (ou Deus), perfeito, incriado, que existe por si só e não depende da existência do Universo, é o elemento central da estrutura criacionista. Exercendo seu infinito poder criativo, ele criou o Universo em seis dias e no sétimo descansou. Sempre através de palavras, no primeiro dia, ele fez a luz e separou o dia da noite; no segundo dia, ele criou o céu; no terceiro dia, a terra e o mar, as árvores e as plantas; no quarto dia, o Sol, a Lua e as estrelas; no quinto dia, os peixes e as aves; e, no sexto dia, ele criou os animais e, por fim, ele fez o homem e a mulher (Adão e Eva) à sua imagem e semelhança.
Actualmente, para muitos cristãos e judeus, os sete dias da criação do mundo, de que fala a Bíblia, não devem ser entendidos literalmente, representando uma forma de explicar a criação do Universo. Mas, mesmo assim, algumas correntes, denominadas fundamentalistas, originárias em certas regiões dos EUA, acreditam em uma leitura literal da Bíblia. Alguns dos seus membros defendem o design inteligente, que não passa de mais uma teoria criacionista.
[editar] Igreja Católica
Ver artigo principal: Igreja Católica e Ciência
Os católicos, que herdaram o mesmo mito criacionista oriundo da tradição judaico-cristã, acreditam que a explicação da "feitura do universo" fala por si só, pois, como é evidente, Deus não precisa se explicar.
Actualmente, muitos deles, defendendo a posição oficial da Igreja Católica, não são estritamente criacionistas, porque, apesar de acreditarem na criação divina, eles aceitam ao mesmo tempo as teorias da evolução e do Big-Bang. Neste caso, que pode ser chamado de criacionismo evolucionista ou evolucionismo criacionista, os católicos defendem que estas teorias científicas não negam a origem divina do mundo, tendo somente a função de descrever o método com que Deus tenha criado todas as coisas. Aliás, a própria Igreja Católica, através do seu Magistério, não considera o criacionismo e o design inteligente como teorias científicas ou teológicas.[13]
Há ainda segundo outras doutrinas católicas, essa parte do Gênesis teria a função de somente ensinar à humanidade que temos que descansar.
[editar] Mitologia de Iorubá
Na mitologia de Iorubá, o processo de criação envolve várias divindades. Uma das versões dessa mitologia diz que Olorum – Senhor Deus Universal – criou primeiramente todos os Orixás (divindades) para habitar Orun (o Céu, mundo espiritual), com o objetivo de usá-los como auxiliares para executar todas as tarefas que estariam relacionadas com a própria criação e o posterior governo do mundo. Então, Olorum encarregou Obatalá de criar o mundo; mas este, com pressa, não rendeu a Bará os tributos devidos e, durante sua caminhada, parou para beber vinho de palmeira e, embriagando-se, adormeceu. Oduduá, a Divina Senhora, foi ao encontro de Obatalá e, ao vê-lo adormecido, pegou os elementos da criação e começou a formação física da terra. Ela mandou que cinco galinhas d’angola começassem a ciscar a terra, espalhando-a, dando assim origem aos continentes. Oduduá soltou então os pombos brancos - símbolo de Oxalá – e assim nasceram os céus. De um camaleão fez surgir o fogo e, com caracóis, ela criou o mar.
[editar] Mitologia chinesa
Na mitologia chinesa, P’an Ku, o Deus-Absoluto, nasce a partir de um Ovo Primordial e o processo de criação se concretiza com um sacrifício divino. P’an Ku morre, dando então origem à vida: de seu crânio surgiu a abóboda do firmamento e de sua pele a terra que cobre os campos; de seus ossos vieram as pedras; de seu sangue os rios e os oceanos; de seu cabelo veio toda a vegetação. Sua respiração se transformou em vento, sua voz em trovão; seu olho direito se transformou na lua, seu olho esquerdo no sol. De sua saliva e suor veio a chuva. E dos vermes que cobriam seu corpo surgiu a humanidade.
[editar] Mitologia grega
Na mitologia grega, o princípio de todas as coisas está associado a um Caos Primordial, num tempo em que a Ordem não tinha sido ainda imposta aos elementos do mundo. Do Caos nasceu Gea (a Terra) e depois Eros (o Amor). Posteriormente, Caos engendrou o Érebo (as trevas infernais), o dia, a noite e o éter. Gea engendrou o céu, as montanhas e o mar. De Gea nasceram também os Deuses, os Titãs, os Gigantes e as Ninfas dos Bosques. Prometeu, filho do titã Jápeto, criou artesanalmente a raça humana – homens e mulheres – moldando-os com argila e água. E então Atena, deusa da sabedoria, ao ver essas criaturas, insuflou em seu interior alma e vida.
[editar] Mitologia hindu
Na mitologia hindu – hinduísmo – o tempo não é linear como nas mitologias anteriores. Aqui, o tempo tem uma natureza circular, pois a criação e a evolução são repetidas eternamente, em ciclos de renovação e destruição simbolizados pela dança rítmica do deus Shiva. "Na noite do Brahma – essência de todas as coisas – a natureza é inerte e não pode se mover até que Shiva assim o deseje. Shiva desperta de seu sono profundo e através de sua dança faz aparecer a matéria à sua volta. Dançando, Shiva sustenta seus infinitos fenômenos e, quando o tempo se esgota, ainda dançando, ele destrói todas as formas por meio do fogo e se põe de novo a descansar".
[editar] Caráter teórico
Note-se que essa questão envolve várias questões de ordem filosófica e epistemológica. Se olharmos para a ciência como um sistema teórico em constante mutação e que não pressupõe verdades absolutas que não possam ser refutadas experimentalmente, as críticas de ambos os lados da barricada centram-se no mesmo problema: a dogmatização das teorias científicas.
Os evolucionistas acusam os criacionistas de transporem para a ciência as suas crenças pessoais e de misturarem fé com realidade observável. Os criacionistas acusam os evolucionistas de fazerem exatamente o mesmo ao imporem a sua visão das coisas, tentando demonstrar que a teoria não assenta em bases sólidas que justifiquem encarar a evolução como um fato, independentemente da forma como esta se processou ou não.
Essas críticas levaram a crescentes controvérsias, nos EUA principalmente, sobre o ensino da evolução nas escolas e universidades. Apesar das Provas da Teoria de Oparin, por exemplo, os criacionistas mantêm a polémica.
As áreas da ciência definidas pelos criacionistas como "evolucionismo" contêm teorias construídas a partir dos pressupostos do paradigma científico atual, com o intuito de explicar os achados da Paleontologia e outros dados científicos presentes nos organismos (como órgãos vestigiais, entre outros). Sempre que novos dados refutam as teorias propostas, lançam-se novas hipóteses, ou corrige-se a teoria.
Note-se contudo que é assim que a ciência evolui ela mesma - pela constante retificação de teorias e pela constante experimentação, não com o objetivo de assegurar a teoria, mas de procurar onde estão as falhas, para que estas possam ser corrigidas e expostas de forma mais aproximada da realidade. Os criacionismos propõem uma explicação sobrenatural para as observações naturais, o que não é passível de ser refutado experimentalmente. Os criacionistas, ao partirem do pressuposto de que houve um criador ou criadores, interpretam os dados científicos para justificarem a sua crença.
Outros observam que os criacionismos e a ciência convencional olham o mesmo fenômeno, a vida, com lentes diferentes. Ao passo que as áreas da ciência que compõem o evolucionismo procuram olhar para o passado e para o registro fóssil em busca de evidências que expliquem como ocorreu a evolução, os criacionistas olham para o presente e questionam as evidências da história natural.
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